segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Valores: uma filosofia nada prática

Na área de humanas, nos tempos da universidade aprendemos um pouco sobre Missão, Visão e Valores nas organizações. Nunca de fato havia parado para pensar no assunto de modo tão profundo como veio pensando ultimamente.
Poxa como é importante que uma organização tenha seus valores bem definidos e praticados não é mesmo? Ora claro que é bom, na verdade é essencial e sabemos muito bem disso, ou pelo menos a maioria de nós sabe, mesmo que tacitamente.

No início da carreira o jovem tem uma facilidade imensa em se adaptar aos valores de qualquer organização que a ele for apresentada, e isso não é ruim, é, na verdade, bem característico de um jovem recém formado, cheio de gás e espaço para aprender, entretanto, característico também de sua análise muito superficial em relação ao assunto. E quando ele entra na empresa, a sua sede por desenvolvimento é tamanha a ponto de não observar se realmente aqueles valores anunciados são de fato coerentes com as práticas da empresa.
A experiência
Em meus trabalhos com equipes, mais precisamente em integrações para novos funcionários tenho o hábito de convidar os participantes para um momento de avaliação da empresa, assim como são avaliados, principalmente durante os primeiros meses de trabalho. Essa avaliação é uma via de mão dupla, afinal, o colaborador deve analisar o quanto é importante para ele fazer parte da organização. Obviamente com a atividade da empresa e com as atividades que lhe foram atribuídas, ele irá se identificar, mas será que a metodologia adotada pela empresa está de acordo com o que ele considera correto, adequado e/ou ético? Será que os meios justificam os fins? Eu não tinha noção do peso dessa mensagem até compreender que eu estava pedindo que eles avaliassem os valores da empresa.
Em alguns momentos da minha carreira tive um retorno muito rápido com essa atuação, e que interferiu diretamente em números tangíveis para a empresa. A mensagem foi determinante para que as pessoas optassem por ficar ou não na empresa justamente em seu período de experiência. Bom para a empresa, bom para o profissional. A empresa se livra de ônus rescisórios, investimento incerto em mão de obra e, principalmente, percebe que existe um problema, uma vez que o profissional opta por não ficar. O profissional por sua vez, percebendo que não irá se adaptar ao ambiente e ao modo como a empresa se posiciona perante o mercado, economiza esforços físico, mentais e emocionais e conserva seu bem mais precioso que nada mais é do que o tempo.
O problema
Parece que alguns valores anunciados não eram realmente praticados na organização? Fácil chegar a essa conclusão como funcionário. Hoje percebo o quanto isso é forte para manter o talento da empresa. Mas será que isso é um problema da companhia? Será que realmente foi falta de identificação? Será que o profissional não se adaptou ao modelo de gestão? Tantas perguntas, mas nenhum diagnóstico preciso, pois as variáveis são muitas e, por mais que existam premissas bem definidas, o mundo em que vivemos não permite uma rotina. As mudanças, a instabilidade do mercado e o avanço das tecnologias e globalização influenciam significativamente nesse aspecto, logo, ninguém tem culpa no cartório.
A solução
De todo modo, é importante que as organizações estabeleçam um fluxo no mínimo lógico para incutir uma cultura de valores. O que significa? Que as boas práticas precisam ser analisadas quanto à sua aplicabilidade e não apenas quanto às suas tendências, e também em relação à maturidade da organização em compreender o que elas significam.
Coerência é o primeiro fator a ser explorado para uma imposição de valores, por exemplo, quando dizemos que somos honestos, temos que de fato ser e, para isso, é interessante que façamos o caminho contrário, ou seja, praticar a honestidade antes de declarar-se honesto. E como a prática leva à quase perfeição, é inevitável que, independente da característica trabalhada, a transparência apareça naturalmente, quem faz o que diz ou diz o que faz é, naturalmente, muito transparente, valor que um bom número de empresas prega hoje, mas que infelizmente não praticam apenas por não ser praticável, mas a consequência de uma série de outras boas práticas.



Por Caroline Amorim

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