sábado, 6 de março de 2010

Batente X Internet (Por Caroline Amorim)


O uso de sites de relacionamentos, fóruns, comunidades entre outros, tem sido uma constante nas atividades das grandes corporações. Esse tipo de conteúdo da web se tornou uma ferramenta eficaz em analisar o cenário do mercado visando conhecer e monitorar o comportamento, opiniões e expectativas do cliente. A microsoft já tem até um cargo intitulado “Evangelista” que faz esse trabalho de divulgação em redes. “Narrowcaster – especialista em mídia digital, que criará conteúdo sob medida para indivíduos”*, profissão do futuro? Que nada, isso é mais que presente!!!
Embora esse papo seja muito bom, o que quero abordar aqui é a relação que esses elementos estabelecem entre o profissional e o trabalho. A situação da empresa que permite o uso dessas ferramentas durante o expediente muitas vezes é delicada e envolve estratégias do ponto de vista comportamental. Nas grandes corporações quando não estamos falando de uso profissional, o acesso a conteúdos “extra laborais” pode ter um impacto positivo quando utilizado como forma de motivação ou descompressão. Como? É isso mesmo, exemplificando, em trabalhos intensos e repetitivos que exigem extrema concentração do profissional, as possibilidades de cometer erros aumenta quando se cai no “piloto automático”, é comum nesses casos o profissional ter direito a pausas para um café, uma água, um cigarro para os fumantes, e até sem sair da cadeira, dar uma espiada do e-mail pessoal, notícias, e até nos recados do orkut, porque não? Essa prática gera um distanciamento momentâneo da tarefa, o que faz com que na retomada o profissional analise seu feito com outros olhos (olhos descansados), corrigindo e minimizando erros dentro do possível.
O lado negativo dessa prática é que nem sempre o profissional usa essa liberdade a seu favor e a empresa, por sua vez, muitas vezes não possui a visão necessária para implementar isso de uma forma a proporcionar o máximo rendimento do funcionário. Eu mesma conheço casos, inclusive já trabalhei em algumas empresas que cortaram o acesso parcial ou total à internet em decorrência do uso abusivo que acarretou na queda de produtividade das equipes. Em geral isso ocorre na classe operacional da empresa. Muitas vezes não são profissionais engajados nos valores e visão da empresa, têm seu foco apenas em cumprir tarefas.
Por isso eu me pergunto, se o ser humano é o maior ativo da empresa, e se sabemos que não podemos dividí-lo ao meio trazendo para o trabalho apenas o seu lado profissional, por que não promover um ambiente de trabalho sadio e com o mínimo de pressão possível? Não é um feito impossível. Muitas vezes a desmotivação do profissional vem da falta de conhecimento dele para com a importância de seu trabalho. Saber o quanto pode influenciar nos resultados da empresa, pode objetivar uma simples execução operacional a um resultado extraordinário. Além disso é o início para a empresa não esperar que os intraempreendedores se formem por si só, e sim dar o ponta pé inicial para que eles coloquem em prática suas aptidões. Fundamentar a importância do trabalho gera interesse no negócio, saber o impacto que ele causa em sua vida, na empresa e até na sociedade gera comprometimento. Lembremos sempre, o funcionário que conhece o negócio é um empreendedor dentro da empresa, e este usa os recursos como se fossem seus.
Nas mãos de um funcionário engajado a internet vira ferramenta.



*Revista Você SA (Edição 140 – Fevereiro/2010)